6º Cerco de Jericó

6º  Cerco de Jericó

terça-feira, 11 de maio de 2010

A CRUZ DOS PADRES



Hoje (abril de 2010) temos 18 mil padres no Brasil. E mais de 100 milhões de fiéis. Isso significa que cada padre tem que atender a mais de 5.555 fiéis. Agora faça essa conta comigo: - 10% de 18 mil padres = 1.800 padres; - 1% de 18 mil padres = 180 padres; - 0,1% de 18 mil padres = 18 padres; - 0,01% de 18 mil padres = 1,8 padres.


Quantos padres brasileiros estão envolvidos em escândalos anunciados na mídia? O que está nos bastidores de tudo isto!


Dois, três ou cinco padres significam menos de 0,02% de todos os padres do Brasil! Não se trata de acobertar ou eximir da culpa. Deve-se cobrar de quem errou, mas e os outros 99,98%? Nós vamos condenar todos os padres por causa de 2 ou 3? Nós vamos deixar de acreditar em 11 Discípulos porque Judas traiu Jesus? Nós vamos deixar de acreditar no Senhor por causa disso? Deixaremos de ir à Igreja e de comungar por causa da febre da pedofilia envolvendo clérigos e anunciados pela mídia?


Pense bem: é só na Igreja Católica que existe este crime e pecado? Por que divulgam dados só da nossa Igreja? Seja qual for seu local de trabalho ou sua profissão, se 2, 3 ou 5 cometerem algum crime, você também é culpado?

Por exemplo: na aeronáutica, no exército ou na marinha, se 2, 3 ou 5 praticaram algum delito, todas as Forças Armadas são consideradas culpadas? Se um gerente de banco comanda um assalto (como veiculado na mídia), todos os bancários são penalizados?

A Igreja Católica é muito mais que nossas fraquezas humanas. Ela é mistério de fé. Surgiu do Amor do Coração de Jesus e dos desígnios da Santíssima Trindade. Ela é o espaço e o meio onde pela ação do Espírito Santo, o Senhor continua agindo em nossa vida. É divina porque nasce do coração de Deus e humana, porque formada por nós humanos com todos os dons que nos foram dados por Deus, bem como pela nossa humanidade frágil que precisa da graça e do perdão de Deus. Devemos pensar muito antes de falar da Igreja Católica ou dos padres, afinal tem muita gente santa, dedicada e sincera, dando a vida pelas comunidades e fazendo o bem. Justiça, misericórdia, equilíbrio e sabedoria andam juntos! Não podemos ser caolhos na visão globalizante da realidade. Ou quem sabe pode ser uma tendência atiçada por algumas pessoas para relativizar a ação da Igreja e da presença do cristianismo no mundo?

“Por certo, a condição do padre é muitas vezes difícil. Não é para admirar que seja o primeiro alvo visado pelos inimigos da Igreja porque, dizia o Cura d´Ars, São João Maria Vianney, quando se quer destruir a religião começa-se por atacar o padre” (Carta Encíclica de João XXIII – 1º. /08/1959).

Quem errou deve pagar nos fóruns eclesiásticos e civis. Para o pecador, o perdão; para o crime, a punição; para a doença, o tratamento. Mas e o bom nome dos religiosos, sacerdotes e bispos, verdadeiramente humanos, cidadãos e lutadores pelo Reino de Deus através de tantas ações concretas e atividades pelo bem da sociedade e da humanidade?

Devemos banir a pedofilia, não generalizar e destruir a boa fé dos simples e puros de coração. Criou-se uma situação que até para fazer o bem hoje devemos pensar mil vezes, para não sermos mal interpretados e julgados pela malicia e escurecer da consciência de alguns. O que me preocupa é que enquanto olham para os padres com suspeitas e até duvidas, muitos pedófilos estão agindo nas casas, nas famílias e nas ruas fazendo vitimas e se escondendo por trás desta visão unidirecional.

Pe. Ademir da Guia Santos

Assessor Diocesano da Pastoral das Comunicações.

Diocese de Ponta Grossa.

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